sexta-feira, agosto 20, 2010

Quero a minha privacidade de volta

Aqui há pouco mais de uma meia dúzia de anos não havia hi5, nem facebook nem nada na net que transmitisse muitas fotos ou vídeo (não era possível tecnicamente). Hoje em dia bem sabemos que já não é assim. E por mim acho espectacular tirando o facto de estarmos a ficar cada vez mais presos pela liberdade da Internet. Passo a explicar, antigamente podia-se ir para uma noite de copos, fazer disparates, vomitar, cair, rebolar, andar enrolado com a gaja feia na disco e estava tudo bem, no dia seguinte não havia provas de nada. Nas raras ocasiões que alguém se dispunha a andar com uma máquina fotográfica era ainda uma daquelas de rolo, grandes e pesadas que só davam para 20 fotos e metade iam sair tremidas e desfocadas pelo que só se fotografavam os amigos todos juntos e respeitavéis em pose tipo equipa de futebol. Agora toda a gente anda com uma ultra-portátil máquina digital com capacidade para umas 2000 e tal fotos, e é a noite toda a disparar. Ou seja a probabilidade de alguém ser fotografado num momento menos "inspirador" aproximou-se dos 100%. E que acontece a essas fotos e vídeos de nós a fazermos coisas que nunca devíamos ter feito, coisas que nos envergonham até á medula??
No dia seguinte estão na Internet!
Pois é, aquelas coisas que preferíamos esquecer agora estão em domínio público, para serem vistas por amigos e enemigos, conhecidos e desconhecidos e quem sabe até pela nossa mãezinha querida!
O pior nem será essa exposição dos maus momentos mas simplesmente existir a exposição, se eu quiser devia poder manter a minha privacidade, ninguém devia saber mais de mim do que eu desejo. Não estou contra a tecnologia mas sim contra o uso abusivo que fazemos dela, ficámos presos pelo nosso desejo de nos libertarmos no ciber-espaço.
E muito obrigado mas também não tenho grande interesse em saber o que algum semi-desconhecido (i.e. amigos no facebook) está a pensar, ou o que gosta, ou onde foi de férias....A minha vida já é interessante que chegue para me manter entretido.

Bip, Beip, Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip

A ultima tendência nos electrodomésticos e demais equipamentos electrónicos é acrescentar capacidades sonoras para poderem apitar. O meu carro apita se não ponho o cinto, apita se a porta está aberta, apita se as luzes ficam ligadas... estranhamente não apita quando atinge a reserva no depósito de combustível. O meu micro-ondas apita quando abro a porta, apita quando escolho o tempo, apita quando escolho a potência, apita quando começa a aquecer e apita quando acaba de aquecer. A máquina de lavar apita por tudo e a torradeira apita por nada (de interesse). O metropolitano apita quando abre as portas e quando as fecha, apita quando chega a uma estação e quando chega. E nem é preciso falar do apitar dos telemóveis, desses já não há muito mais acrescentar. Resumindo, tudo neste mundo apita, por isto e por aquilo, por tudo e por nada, com e sem razão estou constantemente rodeado de bips. Claro que no principio é giro e até dá jeito mas passado algum tempo já quero é paz e sossego. Pelo irritante que se tornou proponho a abolição de equipamento apitador em tudo o que seja aparelhómetro.